terça-feira, 15 de março de 2011

Feridas da Hipermodernidade




Vivemos num tempo em que os relógios não marcam mais...
Em que os dias passam ligeiramente e não voltam atrás
Época em que não há tempo para comer ou dormir
Não há tempo para ninguém se divertir
A violência nos põe medo de sair
A moda diz que todo mundo tem que fingir...
Que a beleza é a perfeição a qual ninguém pode atingir

O amor? Este sentimento empobrecido...
Quase ninguém quer amar... oh sentimento esquecido
A juventude desfruta o prazer que julga ser merecido
Iludindo pobres corpos errantes e sem sentido

Não há mais tempo a ser dedicado
Ao outro, por nós, tão desejado
Espera-se a perfeição de algo outrora idealizado
Quem se importa em querer cuidar quando melhor é ser cuidado?
Já caminham lá fora aqueles corações reciclados
Que como lixo à própria sorte foram lançados

Não se valoriza mais o sorriso da criança
E é louco quem quer preservar sua infância
Aquele que ainda precisa ter esperança
Que o agora poderá se tornar apenas uma triste e vaga lembrança

É nesse momento de tristeza
Que a dor se torna em certeza
Fomos esmagados por nós mesmos!
Numa tentativa de alcançar
Aquela felicidade egoísta, sadomasoquista...
Agora estamos perdidos e sem rumo
Sem saber ao certo como será nosso futuro
Carregando feridas as velhas sem cura
Por este caminho tão perverso e obscuro

Sim, estamos... tecnologicamente...mas estamos...
No tempo da incerteza, na época da desventura
Onde ser errado é ser certo
E o certo desfila por aí encapuzado de preto
Escondido com medo de ser pego
Pelas leis que enfeitam os papéis
E pelas palavras que fogem porque já perderam o seu valor
A paisagem se tornou cinzenta... já manchou a cor
É a hipermodernidade
Já sangram o desespero e a dor...

BRUNIELE SOUZA
10/11/2010

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