terça-feira, 29 de março de 2011

A despedida


Meu corpo estava desfalecendo no tempo
Mas não a minha vontade de viver
As rugas traçaram-me o destino
Meus cabelos já perdem a cor de ser

As minhas mãos tremem quase sem forças
Os meus pés gemem pelo caminho que de mim se cansa
A minha voz perdeu o tom feroz diante da minha lembrança
Em meus olhos ainda uma antiga esperança

Vejo-me no espelho
Somente eu consigo enxergar o desejo
Aquele guardado durante tanto tempo
Aquele que até eu mesmo desconheço

Agora, nem sei mais quem sou
E vivo nessa solidão que a vida me traçou
Fiquei esquecido, como objeto em desuso
Meu sorriso passou a ser somente o choro que eu escuto

Meu ser já de viver se farta
Meu coração já amou e quer parar
Da minha respiração começo a sentir falta
E a minha alma não espera, já quer voar

Sozinho eu parti de repente
Ninguém, talvez, percebeu
A despedida da velha lida
Naquele último sorriso em vida
Foi no momento de partida
Que a alma foi-se de mim... morreu

Bruniele Souza
29/03/2011

Delírios


Esta noite me deixei levar por um delírio
Eu tive certeza de que eu ficaria perdido
Mas eu não tive medo de me perder
Só porque quis pensar em mim e em você...

Fechei os olhos e desejei simplesmente
Você, só pra mim, ao meu lado
Olhei para o caminho passando rapidamente
Pela janela de um ônibus, aquele destino selado

Eu senti a frustração de estar ali
Limitado pela distância
Preso em minha própria ânsia
Querendo por todo delírio do mundo
Romper a cadeia onde o real alcança
Só para ver você perto de mim


Bruniele Souza
29/03/2011

quarta-feira, 23 de março de 2011

Nas ondas do mar



Tão doce quanto o gostinho das nuvens
Flutuando pra lá e pra cá
Andando pela beira do mar
Esperando a maré baixar

Sentindo a brisa tocar
Ouvindo as ondas do mar
Pisando as gotinhas no ar
Tentando no céu tocar

Correndo no vento
Brincando no tempo
Gritando, eu tento
Fazer a vida parar

Silêncio escuto
Jamais eu discuto
Eu ando sem susto
Nas ondas do mar


Bruniele Souza
23/03/2011

sexta-feira, 18 de março de 2011

Eu já fui criança



Eu já fui criança
Já levei muitas palmadas
Já subi, com medo, numa escada
E até risquei a parede da minha casa

Eu já fui criança
Já chorei pra não tomar remédio
Já aprontei pra desfazer meu tédio
E até briguei com uma amiguinha no colégio

Eu já fui criança
Já corri brincando na rua
Já teimei e tomei banho de chuva
E até fingi ser a dona da lua

Eu já fui criança
Já fiz de conta que era super-heroína
Já gostei do pirulito da venda da esquina
E até gritei pra não sair da piscina

Eu já fui criança
Já experimentei o gosto do sorvete
Já tive medo de perder o dente de leite
E até peguei uma florzinha pra servir de enfeite

Eu já fui criança
Já brinquei de cabo de guerra
De pular a corda, de amarelinha, de boneca...
Já ouvi as historinhas da vovó
Eu cantava tantas cançõezinhas de cor

Eu já fui criança
Aquela risonha, sapeca, travessa
 Mas nem percebi quando ela de mim foi embora
Não tive tempo para  me despedir...
E o que me vem à memória agora
São uns flashes, uns sabores, uns sons do meu tenro sorrir

Bruniele Souza
19/03/2011

Além das palavras



Eu não sou poeta
Apenas jogo as palavras
Como se fossem pedras
Naquele grande mar
As palavras vão e se perdem no horizonte
Para além do mais distante
Bem longe do meu alcance

Eu faço do meu silêncio
Meu canto mais afinado e profundo
(En)cantando tudo o que sou
Só pra impressionar seu coração
Para usar além das palavras, a minha canção

Eu seguro o pincel que borda a tua visão
E começo a lambuzar tantas telas...
Com as tintas regadas com o meu suor
O meu esforço cruel em manter-me em pé
Por entre a névoa do frio que te deixou só

Bruniele Souza
05/03/2011

Aquele dia



Eu lembro... aquele dia...
Aquele tenebroso dia...
Onde eu corria desesperadamente
Onde minha alma cansada jazia
Não suportava mais um segundo...mais nada...
Onde eu não fazia mais sentido
Onde parece que nem mais o sentido existia
Não volto mais...não quero...vou me lançar de vez na relva da manhã
Ninguém vai perceber que deixei de existir...
Já não faz mais diferença se eu respiro
Já não há mais calor, só há o frio...
Meu corpo se vai pelo vazio
De uma morte em vida que não se mata, se morre vivo
Se morre quando se deixa se esquecer pra sempre...
Não há mais vida, nem mais sorriso
Estive esquecida no vale sombrio...
A calma foi o meu consolo
A solidão, o meu gelado abraço vazio
Acabou...não me tenho mais...pra onde fui?
Eu nem sei mais...


BRUNIELE SOUZA
14/11/2010

terça-feira, 15 de março de 2011

Minha loucura




Se eu só te quero é porque já enlouqueci...
E a minha insanidade me impede
Que eu conviva a sós comigo sem você
Porque o dia não me deu a graça de te enxergar?
De mirar por entre as brechinhas da minha vontade de te ter
Aquele sorriso que faz o sol nascer
Por aquele céu do teu olhar, iluminando meu viver...

Que o amor venha correndo me abraçar
Antes do inverno chegar
Antes que venha a tempestade
Que ele venha sem demora
Se puder que ele venha agora
Pois minha alma treme para que se faça presente
Que se faça passado e um futuro contente

Os meus sonhos já me rejeitaram
Não querem mais comigo se deitar
Só se forem acompanhados da tua lembrança
Que faz a minha alma suspirar
Mas será...será...
Eu nem sei mais onde fui nem onde vou
Sou guiada pelo vento que me leva ao amor
E por aquela brisa que mexe com o veleiro sem cor
Que faz em meu mar teu abraço de ardor

Seja o rio que desfaz o temporal
O calor que aquece aquele frio desigual
Que vem e torna as vezes...
Mas não e capaz de me deixar sem você
Seja aquele abraço envolvente
Que me embale numa valsa contente
Onde aqueles momentos pequenos
Tão rápidos...tão eternos...
Que deixaram as pegadas bem marcadas
Em cada parte do espaço e do tempo
Em cada pedrinha daquela estrada
Onde a gente caminha junto
E não sente a falta do nada...

Bruniele Souza

Calem a minha voz!




Por favor, calem a minha voz!
Que eu não tente novamente com a mesma estupidez ser...
Eu já me perdi com tantas palavras que falei
Vacilei, tropecei, agora não adianta mais me esconder...

Não me deixe mais dizer o que eu devo fazer
Porque de todas as bobeiras que fiz
A maior delas foi ter acreditado que acertei
Mas no fim eu percebi
Que inevitavelmente eu errei

Eu subi os degraus, mas escorreguei
Pensei estar tão alto, mas enfim, vacilei
Agora é começar tudo outra vez
E engolir o "bem feito" da sensação
De que eu mesma "me avisei"

Era tudo tão arriscado, mas nem me importei
Talvez se eu não tentasse me condenaria eternamente
Mas agora sei que quanto mais cresço
Mais diminuo, me esqueço e desapareço
Eu dou o tudo como se fosse parte
E no fim das contas recebo somente a parte
Do que sobrou e doeu e se foi, e feriu...
E amou, e sofreu, e chorou e nem viu
Pra contar que quem viveu fui eu

Bruniele Souza
03/02/2010

Teu olhar



Amo olhar para você
E ser invadida por esse teu olhar
Que busca tocar a
minha alma,
Que chega sorrindo e  me chama a tocar na tua...
Que me envolve assim com  ternura.
Me trazendo a paz, e a terna brandura!

Bruniele Souza