Meu corpo estava desfalecendo no tempo
Mas não a minha vontade de viver
As rugas traçaram-me o destino
Meus cabelos já perdem a cor de ser
As minhas mãos tremem quase sem forças
Os meus pés gemem pelo caminho que de mim se cansa
A minha voz perdeu o tom feroz diante da minha lembrança
Em meus olhos ainda uma antiga esperança
Vejo-me no espelho
Somente eu consigo enxergar o desejo
Aquele guardado durante tanto tempo
Aquele que até eu mesmo desconheço
Agora, nem sei mais quem sou
E vivo nessa solidão que a vida me traçou
Fiquei esquecido, como objeto em desuso
Meu sorriso passou a ser somente o choro que eu escuto
Meu ser já de viver se farta
Meu coração já amou e quer parar
Da minha respiração começo a sentir falta
E a minha alma não espera, já quer voar
Sozinho eu parti de repente
Ninguém, talvez, percebeu
A despedida da velha lida
Naquele último sorriso em vida
Foi no momento de partida
Que a alma foi-se de mim... morreu
Bruniele Souza
29/03/2011