quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A vida na Pós-Modernidade



Eles fingem que o tempo não passa
E andam tropeçando na dor humana
Naquele andar indiferente que nem disfarça
Pois o olhar ainda é o mesmo e não engana

Por onde a vida passa a velhice é negada
E a lágrima que risca o choro se desgasta
No luto pelo tempo que cansado e veloz
Decidiu ir embora para bem longe de nós

Amar sem responsabilidade
Usar só por querer... Gostar só por vontade...
Corpos que se vendem pelo valor de beijos
Prazer que só se medem por desejos

Sozinhos, eles caminham juntos
Cada um decidiu levar seu jugo
Quando nada parece valer a pena
Assassinam a vida pequena
Indefesa... não tem que a ajude

Mas onde estará a verdade?
Ela se escondeu por debaixo das faces?
Cobriu-se sob a farça desta realidade
Onde estamos fadados a imitar sem liberdade


Tudo flui...igual a água que se deixa escorregar
Andando, correndo, em desespero, sem parar
Não há tempo a perder ou a ganhar
Há o hoje... o amanhã, talvez não virá

Bruniele Souza
28/12/2011

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Uma vida



Como explicar onde ela está...
Às vezes sinto como se fosse o ar
Que invadindo meu corpo, o deixa tão solto
Suspiros de menina, sonhos num só sopro

É como se estivesse no coração
Naquele palpitar pacientemente impaciente
O batuque de uma vida em mim tão vivente
Que retoca o embalo de minha emoção

A vida invade minha mente
Numa vontade de ser e deixar de ser
Na lágrima do choro de quem nasce
No lamento de quem vive na beira-morte
Entregue sem reservas à propria sorte

Aquele vento, aquele monte, aquele mar
Naquele dia, só minha vida a vagar
Sofrendo a morte de uma vida devagar
Rogando a sorte de numa só vida, poder amar

Bruniele Souza
22/12/2011

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Beleza



Por trás do espelho escondido
Nas paredes de um coração ferido
Os olhos não queriam enxergar
Aquela beleza se esvaía pelo ar

Nem a foto reformada
Nem o vestido ou a pele perfumada
Nem o sapato caro, o cabelo comprido
Nem o glamour do seu caminhar
Nada faria tudo voltar

A beleza não queria mais estar lá
Rejeitou ser seduzida só por prazer
Pela velha monotonia de fingir ser
Ia embora sem vontade de voltar

Se enganou por muito tempo
Deixou-se levar pela ilusão do vento
A beleza não se pode cultivar
Sem que a tenhamos por dentro

Bruniele Souza
13/12/2011

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Eu queria




Queria que o fim de semana fosse mais longo
Queria que a noite embalasse meu sono
Queria que minha vida fosse o meu sonho
Queria afastar esse medo medonho

Queria acordar com você ao meu lado
Queria que você sentisse o quanto é amado
Queria o calor de um dia ensolarado
Queria voar num cavalo alado

Queria...queria... queria...
De tantas maneiras sonhei que te queria
Mas um dia toda paixão que eu sentia
Desfez-se como um tecido que desfia
E você nem percebia...

Bruniele Souza
10/11/2008

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Lágrimas e poesia


Faz tanto tempo que não escrevia mais
Que passei a sentir meu corpo gemer
A minha alma não aguenta calar-se demais
Minhas lágrimas passaram a expressar esse dizer

É que às vezes, a gente não tem tempo
Nem pra rir, nem pra chorar...
Nem para esquecer um lamento
Portanto, hoje resolvi me lançar
De corpo e alma, num só momento

Me lancei no oceano da minha melancolia
Para chorar o mesmo gemido de sempre
Desfolhando meu coração em agonia
Planta seca, sem valor, sem cor

Não consigo conter o choro que desce com força
Que vem em soluços violentos sem controle
Tomando minha repiração de uma maneira cruel
Não consigo ver o azul do céu

O mundo está embaçado em minha visão
Esqueço onde estou, se nas nuvens ou no chão
Quando nem as noites e nem os dias
Conseguem dar conta da minha poesia
Despenco-me em versos, em rimas
O retrato da minha melancolia

Bruniele Souza
10/11/2011

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Foi só uma brisa



Foi só uma brisa
Que beijando minha pele
Arrepiou meu coração
Foi só uma brisa
Que acarinhando meus cabelos
Sussurrou uma canção

Soprando, levando, trazendo e deixando...
Quando a brisa vem nada fica no lugar
O toque do céu no mar
As ondas dançando
Meus olhos embalando a luz do luar
Luz e brisa, céu e mar
Minha canção de ninar
Meu barco a deriva
Eu vivo a sonhar


Bruniele Souza
20/10/2011

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Infinito


O mundo inteiro cabe dentro de mim
Mas nem se eu tentasse caberia no mundo
Fiz de mim um buraco escuro e profundo
Para além da vida, um mistério sem fim

Sinto que não conheço nem fim, nem começo
Meu caminho é incerto e tão fácil o tropeço
A força costuma em fraqueza fazer-me viril
Fazendo dos meus passos canções de vinil

Sou feito de nada... sou nada e pó
Mas posso guardar tudo de uma vez só
Embora eu saiba que nada guardo para sempre
Desprender-me delas faz tudo ser diferente

Bruniele Souza
12/10/2011

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Uns escritos



Teus olhos em meus olhos
Te vejo viver...
Tua boca em minha boca
Me vejo morrer...

Indo e vindo... brincando com o vento
Voltando e trazendo a todo momento
Dedilhando os acordes em meu pensamento

Não te tenho, não és meu...
Mas finjo que és encantamento 
Só você e eu...
Fazendo do destino eterno momento

Me calo e disfarço a dor quando você se vai
Eu corro pra longe... só você me atrai
Vivo tão distante do que me satisfaz
Minha alma esquece de mim... se vai

Bruniele Souza
04/10/2011

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Resto



Há algo que em mim é falta...
Há algo que em ti é resto
Minha alma não se farta
Pouco tempo já me resta
Num sentido que me arrasta
Vem como um resto de uma resta

Resto que sinto em nada
O nada  sempre em mim...
Pouco é o que me resta
Sinto em ti a minha falta
E eu não consigo entender
Só me resta pra mim viver
Mas sinto falta de te querer

Bruniele Souza
30/09/2011

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Quando a gente quer amar




Já experimentei a deslealdade...
Sinti minha vida como um deserto
Não sabia mais o que era o certo
Só conseguia ver miragem nesta vã realidade

O que resta ao viajante se já está cansado?
Quando a razão é aceitar calado
O coração dói engasgando as veias
A mentira ilude como canto de sereias

Lá no fundo do mar onde eu fui parar
Não tive tempo no momento de pensar
Esqueci que quando a gente quer amar
A primeira coisa que se aprende é perdoar

Bruniele Souza
23/09/2011

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Anedonia



Sonhava e ninguém conseguia me acordar
Eu ouvia com medo o barulho do mar
Aquela serra, aquele céu, aquele ar
O mundo, por mim, girava tão devagar

Senti que te perdi quando te encontrei
Todo amor que eu senti foi sorriso que neguei
Aquele abraço, aquele beijo que eu te dei
No teu mundo eu vivi e por ti chorei

Caminho pelos becos escuros da solidão
Sinto o medo, um cheiro fétido sem emoção
Sufocando meu peito, assustando o coração
Que bate sem embalar as notas da tua canção

Sem sentido, sem prazer, sem viver
Não posso mais nada, neguei meu querer
Percorro o próprio mundo do meu ser
Nego minhas cinzas, já vejo morrer

Bruniele Souza
16/09/2011

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Selinho!! *-*

Recebi este lindo Selo do blog 99% Anjo, da minha grande amiga Anita, em comemoração aos 100 seguidores!
Fico muito feliz em ser também parte desta alegria!
Estarei sempe por lá
Grande abraço, Anita e Muito OBRIGADA!!

domingo, 4 de setembro de 2011

Angústia



Eu me senti como se fosse um corpo
E minha alma onde está?
Se para existir preciso ser corpo
Quanto vale esta alma, onde ela ficará?

Não há razão em ser se não posso ser
Você quer que eu seja o que eu não sou
Onde fico se minha imagem está onde não estou
Estou perdido neste vale, não sei para onde vou

Ponho-me diante de mim mesmo
Vejo minha imagem no espelho
Não sei mais se sou um reflexo
Sou pedaços que são, mesmo sem nexo

Rasguei o peito, feri a alma
Sendo só corpo perdi a calma
E nesta angústia que estou agora
Me perco em mim, estou indo embora

Bruniele Souza
04/09/2011


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A gente sente...


A gente sabe! A gente sente!
Quando alguém não quer saber da gente
Tudo vai ficando tão diferente...
A hipocrisia vai arranhando nos dentes
Em meio ao sorriso mal dado e contente

A gente sabe! A gente sente!
A gente é chutado pra fora
Como objeto velho em escora
Quero saber o que será de mim agora

A gente sabe! A gente sente!
Eu tenho medo de mostrar o meu fracasso
Não importa, mesmo quando tudo eu faço
Eu já te mostro todo o meu cansaço...


Bruniele Souza
01/09/2011

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Palavras




O silêncio tomou conta daquele quarto
E a chuva tratava de molhar o chão
Enquanto tilintava uma nova canção
Jogando-se na janela do vidro ao meu lado

Eu podia sentir o chamado do vento
Ele vinha e sussurrava ao meu ouvido
Parecia um trovão desatento
Que queria ser seguido
Oferecia-me seu unguento
Suave arrepio de vento
Era só o que podia ser sentido

Eu dizia as mesmas bobagens de outrora
Palavras sem forma nem cor
Partiam de mim e iam embora
Num parto sem sangue e nem dor

Palavras ouvidas, sentidas em ser
Palavras doídas, eu tento esquecer
Palavras cuspidas, começo sem fim
Palavras paridas, nascidas de mim

Bruniele Souza
25/08/2011

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Selinho!! *-*

Ganhei o selinho oficial do blog MUNDO DE ISIA
http://mundodeisia.blogspot.com/
 Muito obrigada mesmo Isia! Adoro visitar seu espaço e ler seus textos maravilhosos!

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Somente algumas palavras




Eu olhava aquele misterioso olhar
Ele chorava e gemia... parecia amar
Jorrava a emoção de um ser
Que se cansava de amar e viver

Escondia de mim tantos segredos
Os quais eu nunca soube nem vou tê-los
Eu o abracei e ele se encolheu
Eu o amava, mas o coração dele doeu e doeu...

Queria embalar o seu sofrer
Fazê-lo dormir, talvez esquecer
Se você soubesse o quanto eu te amo
Ouviria o meu grito quando te chamo

Eu só queria que tudo fosse diferente
Que o passado rasgasse o presente
E minha voz embargada e doente
Conseguisse se tornar em riso contente

Eu te trouxe a mesma rosa azul
A mesma que eu você viu no norte e no sul
Ela tem o meu perfume, aquele todo seu
Eu ainda estou aqui, você me vê?
Ainda amo você...

Bruniele Souza
18/08/2011

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Doçura



Eu queria tanto, queria muito agora
Estar na mira do teu olhar
Só pra me perder
Sem querer mais me encontrar
Perder meus sentidos
Ao sentir teus lábios nos meus
E esquecer o tempo
Envolvida completamente neste teu amor
Que me deixa em enfermidade sem cura
Talvez até em plena loucura
Mas se for assim então
Te entrego meu coração
Meu corpo em teu corpo
Dilatando de paixão
Meu lábios querem teu gosto
Em mim, tua doçura

Bruniele Souza
11/08/2011

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Sem você



Não consigo mais me acostumar
Sou uma jangada solta em pleno mar
Levada pela força do teu olhar
Desemborcando meu ser a se entregar

Sinto o frio da tua ausência
Chego a pedir clemência
Meus lábios dos teus tem urgência
Sinto na pele a dor da carência

Sem você... sem teu cheiro...
Essa saudade me consome por inteiro
Essa paixão arde com desespero
Que as vezes de mim mesmo tenho medo


Bruniele Souza
04/08/2011

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Medo


Um doce entardecer estava vindo
E ela ali deitada sobre a relva
Recebendo as carícias de uma brisa fresca
Suave sonido do balancear das árvores
E em seus lábios um breve sorriso
Queria que nada daquilo acabasse
Só queria...Mas tudo era eterna despedida
O sol, o ser, a brisa, o sorriso...

E ela ficou ali sozinha com medo
De dormir e acordar de novo
De amar e sofrer um desgosto
De viver e ver a morte
De caminhar a qualquer sorte
De ter alguém e vê-lo ir embora
De entregar-se por inteira
De perder as estribeiras
E ela ficou só ali...somente ali

Bruniele Souza
27/07/2011

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Frágil



As coisas podem se tornar em tudo
E o tudo pode transformar-se em nada
Quem falava prefere ser mudo
Escondendo a vergonha sepultada

Um deslize num momento
É capaz de destruir um sonho
Um castelo de areia ao vento
Frente à ameaça de um mar medonho

Cuidar de uma vida não é tão fácil
Mantê-la viva, sem humor lábil
Um passo em falso, tudo em vão
Lá vejo a morte erguer-se então

Num só momento o real vira sonho
Um pesadelo eterno e imortal
As fragilidades dessa vida anormal
Me fazem querer perder o sono

Bruniele Souza
20/07/2011

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Uns delírios



Há uma tempestade dentro de mim
Eu posso ouvir os ruídos da água
Escorregando pelo abismo que não tem fim
Buscando o meu vale do nada

Lá fora eu vejo a calmaria
Eu consigo ver o sol sorrir pra mim
Mas aqui dentro as sombras me assutam
Eu não sei mais o que eu faria
Se eu não tivesse a canção que me faz dormir
Ela consegue acariciar-me até que o sono chegue
E quando ele chega... as ondas gigantes...
Parecem amassos de um cobertor
Abraçando-me, envolvendo-me...
Em um caloroso embaraço de prazer

Bruniele Souza
11/07/2011

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Sussurros

Tentei descrever o que se sente
Quando em plena vida contente
A gente não quer mais viver
É inútil...não tenho mais as palavras
Elas detestam ser inanimadas
Mas eu não consigo esquecer
Aquela dor que vem de repente
Tirando toda a vontade da gente
E ainda nos espera em vida nascer
É triste quando a gente acredita
Mesmo que o mistério insista
A gente não quer morrer


Bruniele Souza
04/07/2011

terça-feira, 28 de junho de 2011

Pedaços


Resolvi juntar pedaços de mim
Só pra depois vê-los se espalharem
E por um vento qualquer serem levados
Para o desentendimento dos desanimados
Onde qualquer coisa é apenas um pedaço
E onde eu me entreguei ao meu cansaço
Partes importantes...
Outras, nem tanto assim
Mas é que as vezes os esqueço
Esqueço que os pedaços são apenas umas partes
Que não fazem sentido sem mim

Bruniele Souza
28/06/2011

sexta-feira, 17 de junho de 2011

IMPORTAÇÃO


Será que eu existo?
Será que eu faço algum sentido?
Não importa! Sim, importa...
É, talvez eu importe...
E para você, eu importo?
Eu não me porto como quero
Muito menos quando quero
Mas querer é um poder muito incerto
Um querer que não se importa em si mesmo
Mas importar-se é importante
Nesse porto de importação
E mesmo que não importe
Queria importar-me pra dentro de ti
Os bem importados, por favor
Não se mudem do meu coração

Bruniele Souza
17/06/2011

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Brincando de ser



Certo de que conseguiria encontrar se eu
Lá vai ele, rumo a existência
Naquela vida engraçada
Um jogo de pura inocência

Sem disfarçar o medo
Olhou-se no velho espelho
Chorou triste e insatisfeito
Descobriu que não era perfeito

Começou a caminhar cambaleando
Numa infelicidade desconcertada
Num caminho que não lhe dizia nada
Mas ouvia os seus sussurros soando
Tentou ser diferente
De tudo que ele viu
Achou que virar gente
Era um grande desafio
Tentou ser igual
Pra viver sem ser estrago
Acabou por sentir-se mal
Sentiu seu eu sendo apagado

Tentou ser Hippie
Depois roqueiro
Foi ser elite
E marinheiro

Enfim, cansou de tentar ser
Deixou sua própria vida viver
Preferiu viver sem amarras ou regras
Agora, a vida é quem o observa
Brincando de ser

Bruniele Souza
02/06/2011

sábado, 21 de maio de 2011

Medo de amar



Tenho medo de não ter tempo
Pra receber aquele singelo acalento
Tenho tanto medo de me perder
E quando, por fim, me encontrar
Perder a razão de viver
É difícil quando a gente quer sentir
Mas o coração não se abre pra deixar sair

Tenho medo do meu mundo acabar
E não mais te ver voltar
As vezes choro em silêncio
Um luto que vem e volta como vento
De algo que não sei
Mas insiste em não me deixar

Tenho medo da força do vento
Que vem me arrastando em volta do tempo
Carregando de mim o que queroamar
Trazendo de volta aquela lembrança
Envolvendo-me numa eterna dança
Naquele medo de amar

Bruniele Souza
21/05/2011

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Solidão



O encontro do medo com o escuro e o vazio
O nada sorri espreitando o vento frio
Não há toques, nem lembranças
Não há amores, nem esperanças

Noites sombrias, dias que não amanhecem
As pessoas umas das outras se esquecem
Caminhando sozinhas, querem fazer seu destino
Um mundo incompleto...faltam-lhe o carinho

O vale do nada e as flores do medo
Tracejam uma paisagem com desespero
O vento, de repente, perdeu a direção
No abismo profundo em que afundou o mundo
Não há lugar para o meu chão
Fiquei andando assim...sem rumo

Bruniele Souza
10/05/2011

sábado, 7 de maio de 2011

Verdade(S)


Por favor, não me deixe empurrar meu discurso arrogante
Eu não posso despir você daquilo que te faz sentir seguro
Teu conhecimento sempre foi  um agasalho constante
Diante do frio e da inospitalidade deste mundo

Eu só pensei que pra você ia fazer sentido
Eu não quis te deixar sentir a dor e o frio
Quando permiti que surgisse diante de ti o vazio
Daquela minha verdade enxarcada com o meu tom falido
 

Bruniele Souza
07/05/2011

sábado, 30 de abril de 2011

O poeta



Lá está um poeta
Dono de um olhar penetrante
Escrevendo uma palavra distante
Eu queria chegar mais perto
Mas eu não poderia...

Lá está um poeta
Debruçado diante de tantos livros
Vejo suas mãos sutis
Elas repousam humildes
Sobre um velho papel sem valor
Eu queria chegar mais perto
Mas eu não poderia...

Lá está um poeta
Um lápis negro clareia todo o quarto
Uma borracha desfaz logo os erros
Uns gestos amáveis
Um olhar em si mesmo
Eu queria chegar mais perto
Mas eu não poderia...

Lá está um poeta
Terminando o todo em parte
Aquele breve sussurro feito em arte
Respingando o suor em dor
E aquelas palavras em versos de amor
Iam sendo decantadas pela doçura em cor

Bruniele Souza
30/04/2011

Entardecer


Breve entardecer
Suave, fresco, avassalador
Uma brisa quente do sol que se foi
Misturada com aquele ar frio
Que traz consigo um suave ardor

Sinto falta daquele abraço
Daqueles que só você sabe me dar
Não quero que me esfrie
Não quero que me aqueça
Eu só quero aquele abraço
Que faz com que minha rota se desvie
Que faz com que você não me esqueça

Bruniele Souza
30/04/2011

domingo, 24 de abril de 2011

Ninguém viu



Está diante dos nossos olhos
Mas ninguém viu ou quer enxergar
Estão todos ali em reunião solene
A impunidade, a miséria, a crueldade...
O encontro fatal e todo mundo sabe em que vai dar
Cobertos com a capa da hiprocrisia
Rindo e zombando da pobre ingenuidade
Em meio aquela tão conhecida falsidade
Ninguém viu...

Tomaram uma venda e cegaram a justiça
Aleijaram o direito e sumiram sem deixar pista
Brincaram com nosso dinheiro, venderam a felicidade
Tornaram-na em moldes "perfeitos"
Um hipocrisia para corpos "bem feitos"
Tirando do ar toda a nossa liberdade
Ninguém quis saber aonde estava a verdade

E nós, um cão num cercado...
Sendo, por aqueles paletós, bem adestrado
Declarando a soberania aristocrática
Daqueles tão aplaudidos magnatas
A gente faz de conta que não vê
Eles sempre não sabem de nada
Mas fazer o quê?
Assim caminha a democracia da pátria

Bruniele Souza
25/04/2011

sábado, 16 de abril de 2011

Autenticidade

 
Eu quero me apoderar de mim
Num abraço, me segurar firme
E viver aquela história sem fim
Aquela que nunca virou filme
E eu não conheço nem o começo nem o fim
Mas mesmo assim, estou aqui no meio do mundo
A todo momento um trajeto cada vez mais confuso
Meu destino escrito como na areia de um deserto
Cada vento que sopra, molda-me de um jeito tão incerto
Que logo se desmancha e é levado para longe
De tudo aquilo que é seguro
E eu vivendo no meio do mundo
Me perdendo num falso ser, um absurdo!
Uma farsa que criei somente para ser aceito
Mas que em todo tempo eu o rejeito
Se eu sou de mim mesmo um suspeito
Por me ter matado sem ter direito
Que morra eu por não querer mais ser perfeito

Bruniele Souza
16/04/2011

sábado, 9 de abril de 2011

Pés na areia



Pés na areia
Criando a história no chão
Um desenho sem valor
Nem explicação

Pés na areia
Em plena solidão
Caminhando descalços
Sem ter medo do "não"

Pés na areia
Carregados de poeira
Naquela velha estrada
Entregues à eira

Pés na areia
A marca de um caminho
O destino traçado
Por um viajante sozinho

Bruniele Souza
09/04/2011

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A água e o fogo


A paixão é fogo
Fogo que pede água
Água que pede espaço
Espaço que pede vida
Vida que se perde em um só dia
O dia que se foi na minha vida
A vida onde eu sempre quis espaço
O espaço pra caber a minha água
Aquela capaz de deter o fogo
O mesmo que se deu naquele dia
Onde não encontrei espaço em minha lida
Então a água me apagou em pleno fogo
Cruel fogo que tragou-me o ar em vida

Bruniele Souza
07/04/2011

terça-feira, 29 de março de 2011

A despedida


Meu corpo estava desfalecendo no tempo
Mas não a minha vontade de viver
As rugas traçaram-me o destino
Meus cabelos já perdem a cor de ser

As minhas mãos tremem quase sem forças
Os meus pés gemem pelo caminho que de mim se cansa
A minha voz perdeu o tom feroz diante da minha lembrança
Em meus olhos ainda uma antiga esperança

Vejo-me no espelho
Somente eu consigo enxergar o desejo
Aquele guardado durante tanto tempo
Aquele que até eu mesmo desconheço

Agora, nem sei mais quem sou
E vivo nessa solidão que a vida me traçou
Fiquei esquecido, como objeto em desuso
Meu sorriso passou a ser somente o choro que eu escuto

Meu ser já de viver se farta
Meu coração já amou e quer parar
Da minha respiração começo a sentir falta
E a minha alma não espera, já quer voar

Sozinho eu parti de repente
Ninguém, talvez, percebeu
A despedida da velha lida
Naquele último sorriso em vida
Foi no momento de partida
Que a alma foi-se de mim... morreu

Bruniele Souza
29/03/2011

Delírios


Esta noite me deixei levar por um delírio
Eu tive certeza de que eu ficaria perdido
Mas eu não tive medo de me perder
Só porque quis pensar em mim e em você...

Fechei os olhos e desejei simplesmente
Você, só pra mim, ao meu lado
Olhei para o caminho passando rapidamente
Pela janela de um ônibus, aquele destino selado

Eu senti a frustração de estar ali
Limitado pela distância
Preso em minha própria ânsia
Querendo por todo delírio do mundo
Romper a cadeia onde o real alcança
Só para ver você perto de mim


Bruniele Souza
29/03/2011

quarta-feira, 23 de março de 2011

Nas ondas do mar



Tão doce quanto o gostinho das nuvens
Flutuando pra lá e pra cá
Andando pela beira do mar
Esperando a maré baixar

Sentindo a brisa tocar
Ouvindo as ondas do mar
Pisando as gotinhas no ar
Tentando no céu tocar

Correndo no vento
Brincando no tempo
Gritando, eu tento
Fazer a vida parar

Silêncio escuto
Jamais eu discuto
Eu ando sem susto
Nas ondas do mar


Bruniele Souza
23/03/2011

sexta-feira, 18 de março de 2011

Eu já fui criança



Eu já fui criança
Já levei muitas palmadas
Já subi, com medo, numa escada
E até risquei a parede da minha casa

Eu já fui criança
Já chorei pra não tomar remédio
Já aprontei pra desfazer meu tédio
E até briguei com uma amiguinha no colégio

Eu já fui criança
Já corri brincando na rua
Já teimei e tomei banho de chuva
E até fingi ser a dona da lua

Eu já fui criança
Já fiz de conta que era super-heroína
Já gostei do pirulito da venda da esquina
E até gritei pra não sair da piscina

Eu já fui criança
Já experimentei o gosto do sorvete
Já tive medo de perder o dente de leite
E até peguei uma florzinha pra servir de enfeite

Eu já fui criança
Já brinquei de cabo de guerra
De pular a corda, de amarelinha, de boneca...
Já ouvi as historinhas da vovó
Eu cantava tantas cançõezinhas de cor

Eu já fui criança
Aquela risonha, sapeca, travessa
 Mas nem percebi quando ela de mim foi embora
Não tive tempo para  me despedir...
E o que me vem à memória agora
São uns flashes, uns sabores, uns sons do meu tenro sorrir

Bruniele Souza
19/03/2011

Além das palavras



Eu não sou poeta
Apenas jogo as palavras
Como se fossem pedras
Naquele grande mar
As palavras vão e se perdem no horizonte
Para além do mais distante
Bem longe do meu alcance

Eu faço do meu silêncio
Meu canto mais afinado e profundo
(En)cantando tudo o que sou
Só pra impressionar seu coração
Para usar além das palavras, a minha canção

Eu seguro o pincel que borda a tua visão
E começo a lambuzar tantas telas...
Com as tintas regadas com o meu suor
O meu esforço cruel em manter-me em pé
Por entre a névoa do frio que te deixou só

Bruniele Souza
05/03/2011