sábado, 30 de abril de 2011

O poeta



Lá está um poeta
Dono de um olhar penetrante
Escrevendo uma palavra distante
Eu queria chegar mais perto
Mas eu não poderia...

Lá está um poeta
Debruçado diante de tantos livros
Vejo suas mãos sutis
Elas repousam humildes
Sobre um velho papel sem valor
Eu queria chegar mais perto
Mas eu não poderia...

Lá está um poeta
Um lápis negro clareia todo o quarto
Uma borracha desfaz logo os erros
Uns gestos amáveis
Um olhar em si mesmo
Eu queria chegar mais perto
Mas eu não poderia...

Lá está um poeta
Terminando o todo em parte
Aquele breve sussurro feito em arte
Respingando o suor em dor
E aquelas palavras em versos de amor
Iam sendo decantadas pela doçura em cor

Bruniele Souza
30/04/2011

Entardecer


Breve entardecer
Suave, fresco, avassalador
Uma brisa quente do sol que se foi
Misturada com aquele ar frio
Que traz consigo um suave ardor

Sinto falta daquele abraço
Daqueles que só você sabe me dar
Não quero que me esfrie
Não quero que me aqueça
Eu só quero aquele abraço
Que faz com que minha rota se desvie
Que faz com que você não me esqueça

Bruniele Souza
30/04/2011

domingo, 24 de abril de 2011

Ninguém viu



Está diante dos nossos olhos
Mas ninguém viu ou quer enxergar
Estão todos ali em reunião solene
A impunidade, a miséria, a crueldade...
O encontro fatal e todo mundo sabe em que vai dar
Cobertos com a capa da hiprocrisia
Rindo e zombando da pobre ingenuidade
Em meio aquela tão conhecida falsidade
Ninguém viu...

Tomaram uma venda e cegaram a justiça
Aleijaram o direito e sumiram sem deixar pista
Brincaram com nosso dinheiro, venderam a felicidade
Tornaram-na em moldes "perfeitos"
Um hipocrisia para corpos "bem feitos"
Tirando do ar toda a nossa liberdade
Ninguém quis saber aonde estava a verdade

E nós, um cão num cercado...
Sendo, por aqueles paletós, bem adestrado
Declarando a soberania aristocrática
Daqueles tão aplaudidos magnatas
A gente faz de conta que não vê
Eles sempre não sabem de nada
Mas fazer o quê?
Assim caminha a democracia da pátria

Bruniele Souza
25/04/2011

sábado, 16 de abril de 2011

Autenticidade

 
Eu quero me apoderar de mim
Num abraço, me segurar firme
E viver aquela história sem fim
Aquela que nunca virou filme
E eu não conheço nem o começo nem o fim
Mas mesmo assim, estou aqui no meio do mundo
A todo momento um trajeto cada vez mais confuso
Meu destino escrito como na areia de um deserto
Cada vento que sopra, molda-me de um jeito tão incerto
Que logo se desmancha e é levado para longe
De tudo aquilo que é seguro
E eu vivendo no meio do mundo
Me perdendo num falso ser, um absurdo!
Uma farsa que criei somente para ser aceito
Mas que em todo tempo eu o rejeito
Se eu sou de mim mesmo um suspeito
Por me ter matado sem ter direito
Que morra eu por não querer mais ser perfeito

Bruniele Souza
16/04/2011

sábado, 9 de abril de 2011

Pés na areia



Pés na areia
Criando a história no chão
Um desenho sem valor
Nem explicação

Pés na areia
Em plena solidão
Caminhando descalços
Sem ter medo do "não"

Pés na areia
Carregados de poeira
Naquela velha estrada
Entregues à eira

Pés na areia
A marca de um caminho
O destino traçado
Por um viajante sozinho

Bruniele Souza
09/04/2011

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A água e o fogo


A paixão é fogo
Fogo que pede água
Água que pede espaço
Espaço que pede vida
Vida que se perde em um só dia
O dia que se foi na minha vida
A vida onde eu sempre quis espaço
O espaço pra caber a minha água
Aquela capaz de deter o fogo
O mesmo que se deu naquele dia
Onde não encontrei espaço em minha lida
Então a água me apagou em pleno fogo
Cruel fogo que tragou-me o ar em vida

Bruniele Souza
07/04/2011